Críticos em todo mundo vêm elogiando a atuação dos protagonistas e o roteiro do longa indicado a nove Oscars®. Atenção: o conteúdo a seguir contém spoilers!
Chega dia 22 de março ao Star+, o filme indicado a nove Oscars® em 20223: Os Banshees de Inisherin, estrelado pelos grandes atores irlandeses Colin Farrell, Brendan Gleeson, Kerry Condon e Berry Keoghan.
O longa, que concorreu na categoria principal de Melhor Filme, conta a história da ruptura entre dois amigos de longa data em uma ilha irlandesa durante a Guerra Civil do país.
Dirigida e escrita por Martin McDonagh, a produção vem recebendo o reconhecimento de público e crítica especializada devido a seu humor mordaz, cinematografia impressionante e história complexa.
Os Banshees de Inisherin | Trailer Oficial Legendado | Star+
Entenda melhor o porquê você não pode perder Os Banshees de Inisherin no Star+ e os motivos por ele ser um dos mais importantes filmes da temporada.
Dois homens em conflito em Os Banshees de Inisherin
Os Banshees de Inisherin conta a história de dois pacatos homens habitantes da ilha fictícia de Inisherin, a oeste da Irlanda, durante o ano de 1923, próximo do fim da Guerra Civil que assolou o país durante um ano.
Um deles é Pádraic Súilleabháin (Colin Farrell), um fazendeiro simples e simpático que vive junto da irmã Siobhán (Kerry Condon). Pádraic tem o costume de tomar todos os dias uma cerveja no pub local com seu amigo de longa data, o mais velho Colm Doherty (Brendan Gleeson), o segundo protagonista da história.
Quando o filme se inicia, Colm passa a ignorar os chamados do amigo. Quando este o confronta, ele diz não gostar mais do outro e pede que Pádraic nunca mais lhe dirija a palavra. No início, o fazendeiro toma a atitude do amigo como brincadeira ou raiva passageira.
Enquanto Colm tenta terminar uma nova música que vem compondo em seu violino, Pádraic percebe que o ex-melhor amigo está bem determinado em encerrar de vez as relações entre os dois.
A origem distante de Os Banshees de Inisherin
A excêntrica história de Pádraic e Colm é fruto da imaginação de McDonagh, que já escreveu nove peças de teatro, além de três outros filmes.
Apesar de ter sido lançado somente agora, o filme foi, na verdade, escrito para os palcos em 1994, quando o autor tinha 24 anos e estava desempregado.
Os Banshees de Inisheer, como era seu título original, fazia parte de uma das duas trilogias de peças situadas nas ilhas a oeste da Irlanda onde McDonagh passava as férias de infância.
Enquanto as cinco primeiras foram publicadas com grande sucesso, Banshees foi guardada porque, segundo o autor, “não era muito boa”. Quase 30 anos depois, o inglês parece ter se sentido à vontade para rever o texto e trazê-lo para as telonas.

Os Banshees de Inisherin faz uma analogia à guerra
Uma mudança essencial foi feita no título original: em vez de “Inisheer” (uma versão ligeiramente anglicizada de um lugar real – a menor das Ilhas Aran, na costa oeste da Irlanda) McDonagh colocou “Inisherin”. A palavra em irlandês significa literalmente “ilha da Irlanda”.
Isso pode nos dar uma dica sobre a metáfora que a maioria dos críticos vêm enxergando no filme: uma analogia à Guerra Civil irlandesa.
Durante todo o filme, os habitantes de Inisherin comentam os tiros ouvidos do “continente”. Afastados, a guerra, para eles, parece mais um problema distante – assim como foi o conflito contra os ingleses para a conquista da independência do país um tempo antes.
A guerra civil irlandesa como pano de fundo de Os Banshees de Inisherin
A guerra, que durou de 1922 a 1923, foi causada devido a um impasse entre os nacionalistas. Antes unidos em prol de uma república irlandesa independente, os irlandeses se viram em lados opostos diante da aceitação ou não do Tratado Anglo-Irlandês.
O tratado dava grande independência para a Irlanda, mas ainda mantinha o país como parte do commonwealth britânico, assim como o Canadá e a Austrália.
Enquanto uma parte dos nacionalistas enxergou isso como um grande passo, outra acreditou que o tratado era um retrocesso diante do estabelecimento de uma república independente.
Assim, dois grupos se formaram: o Governo Provisório da Irlanda, que aceitou os termos britânicos, e os anti-tratado, liderados pelo Exército Republicano Irlandês Provisório (na sigla em inglês, IRA).

O microcosmo violento de Os Banshees de Inisherin
Ao entender isso, fica bastante claro os paralelos com a história de Padráic e Colm: aliados que antes lutavam lado a lado viraram-se um contra os outros e passaram a se matar impiedosamente.
“A separação entre Colm e Pádraic tem suas próprias regras, mas também é uma luta surpreendentemente violenta entre homens que são basicamente irmãos, uma luta que tem lógica e ainda assim é de partir o coração justamente pela profunda e longa história compartilhada entre eles. É o conflito no microcosmo”, explica Alissa Wilkinson, do site Vox.
Ao longo da história, vemos que a briga entre os dois amigos é capaz de afetar a vida de todos na pequena ilha. Em meio a aliados e inimigos, o tom do conflito, que se inicia cômico e até mesmo inocente, vai tomando proporções violentas e traumáticas.
Saiba quem são os “Banshees”
Essa violência é representada por outro ponto importante do título: os Banshees. Banshees no folclore irlandês são espíritos cujos gritos horripilantes servem de premonição para uma morte próxima.
Ouvir esse grito é um péssimo agouro, seja para si mesmo quanto para seus entes queridos. A música que Colm está escrevendo leva justamente o título do filme.
Em uma conversa entre os dois protagonistas, o músico diz que, caso a lenda seja real, os banshees aparentemente não gritam mais, apenas esperam para ver a próxima morte. Em meio a uma época tão violenta, mortes individuais podem perder seu significado.
Homens incapazes de lidar com suas emoções em Os Banshees de Inisherin
Apesar dessas grandes metáforas, o filme também funciona como comentário das relações humanas. Como afetos, principalmente entre homens, podem ser frágeis, se quebrando por motivos mesquinhos.
“O mais incrível é o fato do longa conseguir explorar ideias tão grandiosas como o sentido da vida, ao mesmo tempo em que observa as microagressões de dois homens estúpidos e sem capacidade de lidar com suas próprias emoções”, diz Matt Neal, da ABC Radio, da Austrália.
“Martin McDonagh pinta um retrato devastador dos homens em geral. As estúpidas brigas internas, a autossabotagem e as brigas sem fim que preferem fazer em vez de passar a vida fazendo algo valioso para si e para os que estão ao seu redor”, explica Akhil Arora, do Guide 360 em sua lista de “10 melhores filmes de 2022”.
“Os Banshees de Inisherin é um filme sobre homens - sua estupidez, suas ambições e sua incapacidade de se comunicar”, afirma Paul Thompson, do site norte-americano The Ringer.

As atuações impressionantes em Os Banshees de Inisherin
Além da escrita e direção marcantes, a atuação do elenco vem sendo, obviamente, reconhecida por todos. No Oscar® 2023, Colin Farrell concorreu na categoria de Melhor Ator, enquanto Gleeson e Keoghan estiveram no páreo para a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante.
“Só de observar as sobrancelhas de Farrell enquanto Pádraic enfrenta as mudanças em suas circunstâncias é divertido, emocionante e evocativo. As profundezas e sombras que ele pode transmitir com uma contração do rosto, muitos atores não conseguem fazer nem com seus corpos inteiros”, elogia a crítica Sarah Ward, do site australiano Concrete Playground.
“Colin Farrell está em sua melhor performance até hoje. Brendan Gleeson, Kerry Condon e Barry Koenig estão além de excelentes, mostrando retratos memoráveis e instantaneamente clássicos”, diz Frank J. Avella, do Edge Media Network.
As personalidades torturadas de Os Banshees de Inisherin
“Condon e Keoghan dão a Banshees personalidade e vivacidade extras, enquanto Farrell e Gleeson são as duas metades de seu coração pulsante”, comenta o crítico Brian Truitt, do jornal USA Today.
A atriz Kerry Condon, que interpreta a irmã do personagem de Farrell e vem roubando a cena nas críticas, foi indicada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante.
Em um longo artigo pedindo a vitória da atriz no Oscar, Paul Thompson, do The Ringer, diz que “ela faz o melhor trabalho de sua carreira como Siobhán, a irmã super controlada de Pádraic e uma das personagens mais silenciosamente torturadas a aparecer nas telas este ano”.
Conexão visceral com o público
Em meio a tantas conquistas, Banshees de Inisherin é um filme que, em último caso, consegue se conectar visceralmente com o telespectador. Uma história que reúne de comentário sobre masculinidade tóxica a crítica da violência e análise das relações humanas.
“Amigo contra amigo, irmão contra irmão, amor perdido e ressentimentos rachando o tecido da sociedade; está tudo contido nesta pequena fábula”, afirma Wilkinson.
“Amargo, mas engraçado, quieto, mas ressonante e resistente a qualquer fórmula de Hollywood, Os Banshees de Inisherin é uma pequena comédia estranhamente profunda. É um dos poucos filmes originais verdadeiros deste ano”, conclui a crítica Kyle Smith, do jornal The Wall Street Journal.
Não deixe de ver Os Banshees de Inisherin no Star+
A partir do dia 22 de março, o aclamado filme irlandês estará disponível no Star+. Acompanhe a trajetória desses personagens sensíveis e fortes ao mesmo tempo em meio a uma trama que aborda temas universais como amizade, violência, solidão e família.