O Segundo Homem chega ao serviço de streaming por assinatura com exclusividade para mostrar o que aconteceria se o porte de armas fosse liberado no país
Já pensou se o Brasil liberasse completamente o porte de armas de fogo? O que você acha que aconteceria? É essa pergunta que o diretor e roteirista Thiago Luciano quis responder ao criar o filme O Segundo Homem, que estrou este mês com exclusividade no Star+.
O filme conta a história de Miro, interpretado por Anderson di Rizzi, um pai de família normal que se vê preocupado com a segurança de seus filhos. Para ele, as coisas pioraram depois que a ação de milícias ao longo de todo o território brasileiro aumentou com a legalização de armas.
O Segundo Homem | Trailer oficial | Star+
Com os ataques e chantagens de gangues, a esposa de Miro, Solange (interpretada por Lucy Ramos) desenvolve síndrome do pânico depois de vivenciar experiências violentas envolvendo o uso de armas. Assustado e desesperançoso, Miro decide se alistar no grupo Legião Estrangeira, equipe especial sediada na França que conta com voluntários para ajudar a Segurança Nacional a manter a ordem no país.
No entanto, o que era para ser um esforço em prol do bem estar de sua família acaba piorando ainda mais sua situação, colocando a vida de Miro e aqueles que ele ama em risco constante.
O longa foi gravado pouco antes do início da pandemia de coronavírus, encerrando sua fase de produção no começo de 2020. Assim, o elenco pode fazer cenas importantes em Paris, onde a equipe Legião Estrangeira está situada na história, além de tomadas de ação intensa, como a do final do filme, que envolveu mais de 30 figurantes para formar os grupos de embate na trama.
O roteiro, escrito não só por Luciano, mas também Herbert Bianchi, tem a proposta de servir como crítica da realidade brasileira que, segundo o criador, tem visto o problema de a violência de milícias aumentar já faz alguns anos.
“Colocamos apenas uma lente de aumento em tudo que vem acontecendo no Brasil. Comecei a ver esse cenário caótico das milícias tomando conta do país. A gente só foi aumentando”, explica ele em reportagem à Folha de S.Paulo.
Para ele, mais do que explorar a questão dos milicianos brasileiros, o foco do filme é analisar o impacto que as armas de fogo e sua liberação teriam no psicológico da população do Brasil.
“Eu chamo o filme carinhosamente de distópico-realista, por, infelizmente, estar muito próximo do que poderemos enfrentar logo mais. Trouxe um clima de thriller psicológico, onde a não ação ou mesmo a ação psicológica é o que leva a trama adiante. Sempre preocupado com a investigação psicossocial”, diz ele em entrevista para divulgação do longa.

Um dos pontos abordados pelo diretor é também o machismo estrutural presente no país. Para deixar isso em evidência, algumas das personagens mais fortes do enredo são mulheres. Cléo Pires e Negra Li, por exemplo, fazem o papel de duas polícias parceiras que tentam enfrentar o problema de milícias na trama.
Segundo Li disse à Folha, ela se sentiu muito à vontade na personagem. “Acho que nasci para isso, porque todo mundo me fala que eu tenho cara de brava”, brinca ela. A atriz e cantora teve que trabalhar junto com sua colega de cena para criar uma relação de cumplicidade para as câmeras, algo que gerou uma amizade na vida real. “Ficamos amigas esse ano e queremos levar essa parceria para a música”, chegou a dizer Cléo Pires em entrevista para o jornal.
Anderson di Rizzi também teve que levar a sério seu papel. O ator chegou a perder sete quilos enquanto treinava para entrar na pele de Miro e teve algumas lesões causadas pelas diversas aulas de tiro que precisou ter.
Mesmo assim, ele se diz animado para mostrar seu trabalho. “É um papel que exige muito de mim psicologicamente e fisicamente”, explica ele à Folha de S.Paulo. “Pode mudar a percepção das pessoas ao meu respeito”.
Apesar do trabalho pesado, Rizzi também precisou trazer seu lado mais doce para o papel, afinal o personagem Miro faz o que faz por sua esposa e filha, interpretada pela estreante Eduarda Esteves.
O filme também conta com a participação de atores como Wolf Maya, Pedro Carvalho, Luis Navarro, Filipe Roseno, Carol Godoy, Beto Schultz e Domingos Meira.