Fédro retrata as conversas e provocações entre um aluno e seu mestre após 20 anos separados
O reencontro do aluno e seu mestre é a história de Fédro, novo filme documentário que estreia no Star+. A produção de Marcelo Sabá mostra os ensaios para a peça de Platão de mesmo nome realizada entre Reynaldo Gianechini e José Celso Martinez Corrêa, mais conhecido como Zé Celso.
Fédro | Trailer Oficial | Star+
Apesar da proposta simples, o filme também mostra a primeira vez que Gianechini encontra o famoso diretor e fundador do Teatro Oficina em 20 anos. O ator começou sua trajetória na atuação nos palcos de Zè Celso, mas logo se afastou para perseguir a ambição de aparecer na televisão. O filme marca o reencontro, cheio de provocações, dos dois.
Enquanto Zé Celso é conhecido por ser um dos maiores expoentes do teatro brasileiro, com suas adaptações ousadas de clássicos como As Bacantes e Hamlet, Gianechini se consagrou como um dos maiores galãs das novelas do país.

Com o diálogo entre duas figuras tão diferentes, o filme busca mostrar como o amor à arte, ao teatro e ao ofício de ator é capaz de unir duas vidas tão opostas.
O documentário é a primeira obra dirigida por Marcelo Sebá, que buscou um ar intimista para marcar o encontro de Gianecchini e Zé Celso. De acordo com o diretor, a ideia era criar um aspecto realista, mas ao mesmo tempo teatral, com luzes e penumbras espalhadas pelas cenas.
O filme mistura as sequências de ensaios para Fédro com conversas entre os dois, para que o telespectador confunda o que é texto de Platão e o que é realidade já que a peça trata justamente de uma conversa entre Sócrates e seu pupilo.
As discussões dos dois abarcam desde a vida pessoal de ambos até a situação política do país. Gravado em 2019, o longa não aborda questões sobre a pandemia, mas fala sobre a valorização da arte, liberdade sexual e tolerância no Brasil atual.

Além dos tópicos políticos e sociais, os dois conversam muito sobre a arte do teatro, o que resulta em algumas das conversas mais provocantes do filme. Enquanto Gianechini está acostumado a uma abordagem mais tradicional da atuação, Zé Celso é conhecido por suas técnicas menos ortodoxas.
Em determinado ponto, por exemplo, o diretor insiste para que o galã tire as roupas, mesmo que esteja incomodado. Para ele, teatro tem a ver com nudez, tanto física como emocional, e por isso ele exige de Gianechini entrega máxima, assim como Sócrates exige de Fédro na peça.
A nudez também está presente no processo de gravação do documentário. Em determinado ponto, Zé Celso precisa ajustar seu microfone e, sem pudor, pede que os assistentes façam o reajuste ali mesmo, diante das câmeras, aos olhos de todos. São momentos assim que revelam a verdade por trás do longa: porque mestres são mestres e porque seus alunos sempre, em algum momento, precisam retornar para encontrá-los mais uma vez.