A história sobre a crise de opioides dos Estados Unidos pode ser vista no Star+
Alerta de spoilers!
Dopesick, minissérie do Star+, chegou ao fim este mês depois de nos apresentar à terrível e surpreendente história da Purdue Pharma, uma farmacêutica real que vendia opioides sem regularização correta para diversos pacientes dos Estados Unidos, viciando-os e destruindo suas vidas.
A história é baseada no livro ‘Dopesick: Dealers, Doctors, and the Drug Company That Addicted America’ (‘Traficantes, médicos e a empresa de drogas que viciou os Estados Unidos’, em tradução livre), da jornalista norte-americana, Beth Macy. A obra conta os 20 anos da epidemia de opioides que tomou conta dos estados norte-americanos e alguns de seus principais responsáveis.
A produção, exclusiva do Star+, mostra como a Purdue Pharma promoveu o analgésico OxyContin, composto pela oxicodona. A droga foi considerada responsável pelo vício e pela morte de mais de meio milhão de pessoas, segundo especialistas, e sua promoção ocorreu por meio de campanhas agressivas de marketing, que incluíram pagamentos a médicos para prescrever o medicamento e estratégias que ocultavam seu caráter viciante.

Durante oito episódios, pudemos acompanhar as batalhas judiciais travadas por médicos, familiares e vítimas do remédio e como a grande corporação conseguia dar a volta nos processos legais para continuar seus negócios. Na série, a Purdue Pharma tem ações movidas contra ela em mais de 25 estados e ainda assim conseguia vender a droga sem qualquer impedimento das autoridades.
Para retratar da melhor forma possível a delicada situação, o criador da série, Danny Strong, decidiu focar em personagens reais, de forma a criar empatia no público. Assim, acompanhamos o médico Samuel Finnix, interpretado por Michael Keaton. No início da temporada vimos Finnix prescrevendo o remédio para seus pacientes, mas o médico começa a notar os efeitos da droga na comunidade.
Depois de diversas batalhas judiciais, o episódio final nos leva às últimas disputas dos anos 2000 contra a empresa. Em 2002, Finnix enfrenta a dura realidade de que, enquanto ele estiver tomando Suboxone (um remédio usado para tratar dependência por opioides), ele não poderá obter sua licença médica. Sendo a recaída uma possibilidade muito real, ele tenta decidir o que fazer a seguir.

Na sala de espera, o médico encontra uma garota chamada Elizabeth Ann, alguém que ele ajudou a dar à luz. Ele percebe que a garota está claramente viciada em Oxy, o que o deixa ainda mais abalado.
Com a consciência pesada, Finnix finalmente procura Jerry (Ray McKinnon) e Diane em busca de perdão por ter prescrito oxicodona à filha deles. Apesar dos apelos dele, no entanto, Jerry pede que o médico vá embora e viva sua vida.
Enquanto isso, Richard Sackler (Michael Stuhlbarg) fica sabendo sobre as 10 mil assinaturas e a crescente pressão contra ele. Ele incumbe os executivos da Purdue de irem até a Virgínia e encontrarem os representantes de Appalachia Claro. As negociações, no entanto, não levam a nada e, no final, eles decidem doar US$ 100 mil à comunidade.

A ideia, no entanto, não tem o efeito desejado, já que Irmã Beth (Meagen Fay) diz aos executivos que prefere "morrer no inferno do que levar o seu dinheiro sujo de sangue."
Sackler começa a entrar em pânico ao saber que o promotor John Brownlee (Jake McDorman) decide iniciar uma grande investigação na empresa e que diversas das testemunhas estão se negando a serem subordinadas. Para tentar acalmar as coisas, o CEO decide se afastar do cargo.
Ao mesmo tempo, ficamos sabendo que Billy (Will Poulter) está em dúvida se aceita a promoção da empresa em troca de seu silêncio sobre as fitas de treinamento. Entretanto, ao ser pressionado, a empresa decide rescindir do seu contrato e forçá-lo a assinar um contrato de não divulgação. Ele, no entanto, decide não prosseguir com o acordo.

É isso, então, que leva Rick (Peter Sarsgaard) e Randy (John Hoogenakker) até ele e, consequentemente, até as fitas. Brownlee, em contrapartida, se encontra com os dois e anuncia que conseguiu um acordo com a farmacêutica. Segundo ele, o proposto foi que três executivos terão três anos de liberdade condicional, 400 horas em serviço comunitário a fazer e terminarão suas carreiras na indústria farmacêutica.
Assinado o acordo, três executivos são conduzidos ao tribunal, onde ouvem inúmeros depoimentos de testemunhas de parentes das vítimas da Oxy. Apesar disso, Richard Sackler continua a pressionar por novos apelos contra o processo e garante que a droga é inofensiva.
Por fim, a história pula para 2019, quando uma grande manifestação contra Richard Sackler toma as ruas. Com 400 mil mortos, a ganância da Big Pharma finalmente começa a trazer consequências para a marca, mesmo que tenha demorado anos. Entre eles está Diane (Mare Winningham), que continua determinada a fazer justiça para sua filha Betsy (Kaitlyn Dever).

A pressão tem efeito, mas apenas na empresa. A Purdue fecha as portas e entrega todos seus documentos, além de pagar uma penalidade de US$ 4,5 bilhões. Os Sackler, no entanto, continuam impunes.
À medida que a notícia se espalha pelas diferentes comunidades, cortamos para Finnix, que consegue obter sua licença médica de volta. Depois de ajudar Elizabeth Ann a sair do Oxy, ele agora dirige um centro de tratamento, Mountain Ridge Wellness Center, ajudando outras pessoas a superar seus vícios.