A produtora Fernanda Senatori e a diretora Vera Egito contam um pouco do processo por trás do processo criativo da série brasileira.
A nova série brasileira original do Star+, Dois Tempos, conta a história de duas jovens muito diferentes que fazem uma viagem no tempo e… Trocam de corpo. Além de terem que lidar com situações completamente estranhas, as duas também são de tempos muito distintos, separadas por 100 anos de diferença.
Assim, Paz (interpretada por Sol Menezes), uma grande influenciadora digital em processo de cancelamento no ano de 2022, troca de lugar com Cecília (Mari Oliveira), uma escritora forçada a casar com um homem que não ama em um casamento arranjado em 1922.
Com as novas identidades, as duas precisarão decidir se tomam as rédeas de seu destino ou se aceitam o status quo de suas realidades. Em meio a isso, amor, amizade, comédia e drama se misturam na vida das protagonistas.

Dois Tempos: Protagonismo feminino
Produzida por Fernanda Senatori e Lucila Hertzriken, Dois Tempos tem como objetivo levar à frente o protagonismo feminino, a representatividade preta e a inclusão da diversidade LGBTQIA + em sua história.
“Foi uma grande vitória montar esse elenco tão diverso, poder criar famílias cheias de pessoas diferentes. Para nós, o interessante foi poder tomar liberdade para trazer o protagonismo preto e, principalmente, o protagonismo feminino”, explica Fernanda Senatori.
De acordo com a produtora, o trabalho das duas junto com a diretora, Vera Egito, era exaltar o empoderamento feminino. “Independente de ser 2022 ou 1922, a intenção era mostrar essas mulheres fortes tomando controle das situações”, explica.

Dois Tempos: Afrofuturismo e Semana de 1922
Afrofuturismo e realismo mágico foram alguns dos termos que Fernanda Senatori usou para descrever o visual e proposta de Dois Tempos.
“Não queríamos algo exatamente realista. Temos a ideia dos portais de tempo e isso nos deu liberdade para brincarmos com os elementos visuais da série”, conta a produtora.
Senatori cita o trabalho de Billy Castilho, diretor de arte, como fundamental para essa proposta. “Levando em conta que em 1922 foi a Semana de Arte Moderna, ele se inspirou muito nos visuais da Tarsila do Amaral para construir a paleta de cores, as grafias dos objetos”, explica.
“A Joana Porto, nossa figurinista, usou dessa mesma inspiração para fazer as mesclas nas roupas que vemos ao longo da série”, afirma Senatori. “Temos até mesmo uma personagem chamada Anika em homenagem à Anita Malfatti”.
Dois Tempos: a cidade de Águas Marinhas
Para criar a cidade costeira de Águas Marinhas, a equipe foi para Santos e outras praias do litoral sul paulista, principalmente no Guarujá.
“Foi uma mágica a transformação que operamos para fazer com que a cidade tenha aquelas cores e aquele clima, diferente de qualquer lugar que você tenha ido”, revela Senatori.
As montagens mostrando o lugar tanto em 2022 como em 1922 foram um show à parte. A diretora acompanhou todo o processo e contou que quis trazer uma linguagem nova e diferente à série.
“Dois Tempos tem uma edição e uma trilha sonora bem específicas e inusitadas. Assistir a pré-estreia junto com os atores me deixou confiante de que o pessoal vai se interessar muito por isso”, disse a diretora Vera Egito.

Dois Tempos: o roteiro
Definida a cidade, foi possível para a redação completa do roteiro seguir, que foi escrito por Mariana Tesch, Otavio Chamorro, Caroline Margoni, Tainá Muhringer e Ariana Saiegh.
“O texto é muito bom, muito ágil, muito atual”, afirma Senatori. A Sol e a Mari foram presentes no processo. Depois que as definimos como as protagonistas, também pudemos começar a construir as árvores genealógicas e isso foi criando alterações no roteiro também”.
Dois Tempos: trabalho com os atores
“Foi importante ver como os atores conseguiram se ver como protagonistas, já que a indústria muitas vezes não dá o papel principal para mulheres negras, por exemplo”, diz Fernanda Senatori.
“Os atores todos brilharam tanto em seus papéis que o personagem, que originalmente seria secundário, engrandeceu. A Bel Moreira, por exemplo, que faz a Gabi, emprestou à personagem dela um brilho que fez o próprio papel aumentar”, comenta.
“Espero que o público adore ver essa série tão importante, tão jovem, tão pop, assim como nós adoramos fazê-la”, concluiu a produtora.