Saiba se realmente existiu alguém como o assassino Mai Tai e se os blecautes na cidade de Nova York aconteceram de verdade nos anos 1980. Atenção: o conteúdo a seguir contém spoilers!
Com o final de temporada de American Horror Story: NYC no Star+, os fãs da série antológica de terror criada pelo showrunner Ryan Murphy devem estar se perguntando se algo retratado na série realmente ocorreu no fatídico ano de 1981 na cidade de Nova York, nos Estados Unidos.
Como é costume na série, que já tem 11 temporadas, muitos dos horrores retratados possuem inspiração de eventos reais, mas não são representações exatas do que aconteceu.
Para quem se pergunta o que motivou a criação dos terríveis acontecimentos da 11ª temporada de American Horror Story, confira a seleção dos principais fatos que inspiraram os episódios.

American Horror Story NYC: o caso do “Last Call Killer”
Nos primeiros episódios desta temporada é apresentado um dos principais mistérios que assombram American Horror Story: NYC. Os corpos de vários homens gays assassinados estão sendo encontrados por toda a cidade de Nova York e em Fire Island.
O caso mostrado na série lembra muito o do “Last Call Killer”, um crimonoso que realmente atacou homens gays em Nova York durante os anos 1980 e 1990. Richard Rogers, enfermeiro do Hospital Mount Sinai, em Nova York, foi preso em maio de 2001 pelos assassinatos de duas vítimas atribuídas ao Last Call Killer – nome pelo qual o criminoso ficou conhecido.
Os dois homens assassinados foram encontrados desmembrados, assim como as vítimas mostradas em AHS. Rogers foi julgado apenas por esses dois casos, mas o jornalista Elon Green, que escreveu sobre o serial killer, afirma que muitos outros homens foram mortos por ele.
A polícia local, no entanto, falhou devido ao descaso durante as investigações.
American Horror Story NYC: negligência policial
A homofobia latente da polícia vista em American Horror Story: NYC, que se recusa a levar a sério os diversos crimes cometidos contra a população LGBTQIA+, também está baseada na vida real.
Além do caso do “Last Call Killer”, há registro do descaso do sistema judicial em relação aos crimes cometidos em Nova York contra pessoas da comunidade gay.
Arthur Bell, o colunista do jornal local, The Village Voice, ficou famoso depois que escreveu artigos na década de 1970 sobre crimes não-relatados contra gays, os quais a polícia se recusou a investigar.
Um dos principais personagens de American Horror Story: NYC, Gino Barelli (Joe Mantello), é um jornalista gay deliberadamente inspirado em Arthur Bell. A indiferença da polícia acaba tendo um peso enorme na temporada, já que muitas das vítimas sofrem porque o sistema os vê como “menos que humanos”.

American Horror Story NYC: a epidemia de HIV
Outro grande ponto de inspiração para American Horror Story: NYC é a epidemia de HIV que assolou o mundo nos anos 1980. O fato é retratado já nos primeiros episódios, com a Dra. Hannah Wells (Billie Lourd) tentando rastrear a propagação de um misterioso vírus que começou a fazer suas primeiras vítimas humanas.
Enquanto o vírus se espalha, o público é apresentado a uma misteriosa figura: Big Daddy. Embora ameaçador, ao longo da temporada passamos a entender que ele não é um serial killer do mesmo estilo do Assassino Mai Tai, mas sim, uma personificação das ameaças trazidas pelo vírus HIV.
Como Big Daddy só aparece para as pessoas infectadas com HIV, ele é, aparentemente, uma representação física do vírus. O sinistro assassino também luta com determinados personagens, mostrando que alguns conseguem mantê-lo longe por certo tempo.
A presença da entidade assassina é enfatizada no final do episódio 8, durante a morte de Theo (Isaac Powell), quando Big Daddy aparece silenciosamente enquanto o personagem é carregado para a vida após a morte por um grupo de homens com chifres.

American Horror Story NYC: a conexão entre a máfia e os bares gays
Nessa temporada, os fãs conhecem um grupo ameaçador em Nova York: uma misteriosa gangue liderada por um tal DeMarco – um homem mafioso. Embora isso possa parecer estranho, na verdade essa trama se conecta à verdadeira história dos bares gays de Manhattan.
Ao longo da década de 1960, a comunidade LGBTQIA+ foi forçada a sair dos bares e locais convencionais em um período em que a máfia assumiu a responsabilidade de financiar bares gays na cidade.
Os bares que serviam clientes gays nessa época eram frequentemente invadidos pela polícia, mas com a capacidade da máfia local de subornar as autoridades, os estabelecimentos conseguiam funcionar com lucros significativos.
No entanto, isso tinha um preço, já que os grupos criminosos também eram conhecidos por explorar e prostituir pessoas LGBTQIA+. A Gay Activists Alliance e a Gay Liberation Front fizeram lobby para remover o crime dos bares gays após uma série de grandes processos na década de 1980.

American Horror Story NYC: blecautes na cidade
A ameaça do Assassino Mai Tai se torna pior quando Nova York passa por um blecaute durante o episódio 4 dessa temporada. O evento é baseado em diversas situações reais que aconteceram na cidade, inclusive um grande blecaute ocorrido no mesmo ano em que se passa a série – 1981.
Nova York ficou no escuro por quatro horas e meia em 9 de setembro de 1981, quando uma onda de calor invadiu as ruas, assim como acontece na série. Mas o evento real foi bem menos catastrófico do que a série retrata.
Na verdade, as cenas de American Horror Story: NYC se inspiram mais em um blecaute de 1977, quando a cidade ficou sem luz por dois dias. O número de crimes no período aumentou tanto que cerca de 4 mil cidadãos foram presos, segundo o jornal The New York Times.